O Brasil no século XIX é marcado por diversas revoltas e movimentos sociais, na Paraíba o que se destacou foi a chamada Revolta de Quebra-Quilos entre os anos 1874 e 1875, que teve como um dos principais focos o povoado de Fagundes, e daí em diante espalharia-se por várias vilas, a ponto de ganhar força até em outras províncias, como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia.
A principal motivação desta revolta foi, a implantação do sistema métrico decimal francês, ou seja, o uso de uma pesagem cientificamente precisa, bem diferente das que eram usadas pelos pequenos comerciantes, como por exemplo as cuias ou cabaças, que mediam uma porção de grãos ou farinha, com isso os revoltosos quebravam os pesos em protesto às novas leis, dessa forma, receberam o nome de Quebra-Quilos.
Uma das vilas atacadas pelos revoltosos foi a nossa Cabaceiras, como veremos na transcrição do trecho do livro Brejo de Areia do escritor Horácio de Almeida:
IMAGEM 1: Propaganda do movimento de Quebra-Quilos |
"Nesse mesmo dia 21, iguais atentados são cometidos em Campina Grande, Cabaceiras, Pilar e em quase tôdas as cidades e vilas da zona do Brejo, inclusive Areia. Os sediciosos, por onde passam, vão queimando arquivos municipais e cartórios, ao mesmo tempo que soltam da cadeia os presos de justiça, perseguem o maçons e quebram pesos e medidas nos estabelecimentos comerciais"Outra importante fonte documental que fala do Quebra-Quilos em Cabaceiras é o relatório apresentado à Assembleia Legislativa da Parahyba do Norte em 9 de outubro de 1875, em que de início é falado no tópico "Tranquilidade Pública" sobre movimento citado, sempre de forma caluniosa e em oposição aos populares que empreendiam a revolta, em seguida no tópico "Collectorias" ao falar das coletorias de impostos das vilas paraibanas, relata-se acerca do movimento em nossa cidade, vejamos no documento a seguir:
O fragmento do relatório acima dá uma justificativa pela a ausência de dados financeiros das vilas de Cabaceiras e sua vizinha Campina Grande, o relator é categórico ao afirmar que as coletorias de Cabaceiras e Campina Grande foram incendiadas pelos Quebras-Quilos, e junto a elas todos os livros e documentos dos dois estabelecimentos financeiros. Na época o coletor de nossa cidade era Manoel Henriques do Nascimento Araújo que segundo o Almanak Laemmert teria prestado serviços na área de finanças até por volta de 1930.
Mais uma vez Cabaceiras se viu frente a um conflito, conflito que queimou junto dos papéis uma parte de sua história, porém, fazendo isto, reescreveram outra, a história do Quebra-Quilos em nossa amada cidade.
Cabaceiras-PB
21 de novembro de 2017
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Horácio de. Brejo de Areia: Memórias de um município. 1958. disponível no Link.
RELATÓRIO APRESENTADO À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE. 9 de outubro de 1875. disponível no Link.
ALMANAK LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ) 1891 A 1940. disponível no Link.
Blog Seguindo os Passos da História, Leandro Vilar. disponível no Link.
LIMA, Viviane de Oliveira. Revoltas dos Quebra-Quilos. Levantes contra a imposição do Sistema Métrico Decimal. Anais do XV encontro regional de história da ANPUH- RIO; 2006.
A origem paraibana do Quebra-Quilos
ResponderExcluirEm 7 de novembro de 1874 o jornal paraibano O Despertador, publicou uma notícia sobre um conflito ocorrido na feira de Fagundes, na época distrito de Campina Grande, onde comerciantes e clientes teriam iniciado uma discussão contra autoridades locais levando a um bate-boca e uma possível briga. O jornal alegava que os revoltosos estavam protestando contra o encarecimento das mercadorias e o aumento dos impostos.
No entanto, o Jornal da Parahyba dizia que o incidente ocorrido em Fagundes se dera devido não a revolta do povo contra os impostos imperiais, mas sim contra um imposto municipal. Alguns relatos dizem que o responsável pelo inicio do tumulto em Fagundes foi um tal Marcos, também conhecido como Marcolino, originário de Piabas, o qual teria segundo relatos (os quais ainda não foram totalmente comprovados), o mesmo teria arremessado algumas rapaduras contra um oficial na feira, dando início ao tumulto…
Em 21 de novembro de 1874 a Vila de Ingá fora invadida por um grupo de homens armados, estima-se que houvessem pelo menos duzentos deles, os quais atacaram a feira, destruindo os pesos, medidores, balanças e também chegaram a invadir a Comarca, onde destruíram vários documentos que ali se encontravam, como também chegaram a ameaçar o Comandante de Polícia, Aranha, a assinar um compromisso no qual garantiria suspender a cobrança de determinados impostos, a lei de recrutamento, e revogar a utilização dos pesos e medidas. No entanto, o comandante Aranha fugiu no dia seguinte sem ter acatado as exigências dos manifestantes.
Em 23 de novembro os quebra-quilos também atacaram ainda no mesmo dia Bananeiras, Arara, Cuité (hoje Guarabira) e Areia foram atacadas. Cogitou-se incendiar o Teatro Minerva em Areia, o mais antigo teatro da Paraíba, no entanto, os quebra-quilos desistiram do ato. Em Mamanguape, os revoltosos não tiveram tanto espaço para agir, a polícia conseguiu dissipar a revolta...
Onde de acordo com as histórias contadas e registradas em: CABACEIRAS NA ÉPOCA DO CANGAÇO (PÁG. 46,47) e http://seguindopassoshistoria.blogspot.com , no que se refere a Cabaceiras da Paraíba, aconteceu no dia 24 de novembro de 1874. Onde nesta vila os pesos e outras medidas foram jogadas no poço de Emiliano, as margens do rio Taperoá. Tendo na vila os revoltosos depredados, saqueados e incendiados algmas repartições.Tendo alguns trabalhadores rurais, comerciantes e fazendeiros (entre eles o cabaceirense Pedro de Alcantânta Barros, primo de Néco Barros um dos lideres da revolta, descendentes da “Família Barro leira”)se juntado também aos quebra-quilos.
Noberto Castro, pesquisador e históriador sobre os fatos. 11/06/2018