terça-feira, 28 de novembro de 2017

Dados sobre a escravidão em Cabaceiras

    Desde seus primeiros colonizadores até a segunda metade do século XIX Cabaceiras recebe mão de obra escrava oriunda do continente africano, esses escravos sofreram por séculos castigos e humilhações, não podendo nem mesmo expressar suas culturas e religiosidades, sendo tratados como bens, propriedades, esse último fator é claramente visível no testamento de Dona Isabel Rodrigues de Oliveira, a filha do fundador de Cabaceiras Pascácio de Oliveira Ledo, sendo ela dona de cativos, declara ter cerca de 19 escravos em 1735.
     
Pelourinho - Jean-Baptist Debret
     Alguns dados acerca do número de escravos no termo de Cabaceiras encontramos em documentos estatísticos da Paraíba, inclusive no Recenseamento Geral do Império de 1872,  o mais antigo é o Relatório apresentado à Assembleia Legislativa da Parahyba do Norte de 1851 mostrando que em 1850 Cabaceiras tinha 3742 pessoas livres e 682 escravos, já em 1872
haviam 7557 livres e 587 escravos, ou seja, em 22 anos a população livre teve aumento de 3815 pessoas, enquanto a escrava teve perda de 95 indivíduos.
Quadro geral da população da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Cabaceiras em 1872
    No quadro acima podemos observar algumas informações interessantes acerca da escravidão, por exemplo, dos 587 escravos apenas 14 eram casados, mas destes casados, 8 eram homens e 6 eram mulheres, então será que dois destes escravos eram casados com mulheres livres? pois não era comum haver o enlace entre livres e cativos, no quadro também há uma diferença gritante entre o número de casados livres de uma sobra de 110 mulheres, portanto é preciso questionar tais estatísticas.
    Podemos observar também no quadro todos escravos eram católicos, não por escolha, mas por imposição de seus senhores, o que não os impedia de praticarem secretamente suas verdadeiras crenças, no entanto, logo quando eram adquiridos por seus donos, havia o batismo e a mudança do nome africano para o nome aportuguesado-cristão. Outro dado é que a maioria era considerada brasileira, isto é, nascidos no Brasil, sendo apenas 24 estrangeiros, e no geral destes escravos, 4 sabiam ler e escrever. 
     Outro documento analisado foi um quadro presente na "Falla em que o Exm. sr. Herculano de Souza Bandeira abrio a 1° sessão da 26ª legislatura da assembleia provincial da Parahyba em 1 de Agosto de 1886" mostrando que havia em Cabaceiras apenas 377 escravos, mostrando que a escravidão foi se desgastando ao poucos.


Cabaceiras-PB
28 de novembro de 2017

REFERENCIAS:


MEDEIROS, Tarcízio Dinoá. MEDEIROS, Martinho Dinoá. Ramificações Genealógicas do Cariri Paraibano; Brasília: CEGRAF, 1989.

RIETVELD, Padre João Jorge.  Antigo termo de Cabaceiras: Artigos históricos. Gráfica Cópias e Papéis, Campina Grande-PB, 2017

Imagem Pelourinho - Jean-Baptist Debret disponível em http://alunosonline.uol.com.br/historia-do-brasil/jean-batist-debret-no-brasil.html  

Falla em que o Exm. sr. Herculano de Souza Bandeira abrio a 1° sessão da 26ª legislatura da assembleia provincial da Parahyba em 1 de Agosto de 1886 disponível em https://archive.org/stream/rpparaiba1886#page/n1/mode/2up/search/Cabaceiras

Relatório apresentado à Assembleia Legislativa da Parahyba do Norte 2 de agosto de 1851 disponível em https://archive.org/stream/rpparaiba1851c#page/n1/mode/2up/search/Cabaceiras

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