Desde seus primeiros colonizadores até a segunda metade do século XIX Cabaceiras recebe mão de obra escrava oriunda do continente africano, esses escravos sofreram por séculos castigos e humilhações, não podendo nem mesmo expressar suas culturas e religiosidades, sendo tratados como bens, propriedades, esse último fator é claramente visível no testamento de Dona Isabel Rodrigues de Oliveira, a filha do fundador de Cabaceiras Pascácio de Oliveira Ledo, sendo ela dona de cativos, declara ter cerca de 19 escravos em 1735.
Pelourinho - Jean-Baptist Debret |
Alguns dados acerca do número de escravos no termo de Cabaceiras encontramos em documentos estatísticos da Paraíba, inclusive no Recenseamento Geral do Império de 1872, o mais antigo é o Relatório apresentado à Assembleia Legislativa da Parahyba do Norte de 1851 mostrando que em 1850 Cabaceiras tinha 3742 pessoas livres e 682 escravos, já em 1872
haviam 7557 livres e 587 escravos, ou seja, em 22 anos a população livre teve aumento de 3815 pessoas, enquanto a escrava teve perda de 95 indivíduos.
Quadro geral da população da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Cabaceiras em 1872 |
No quadro acima podemos observar algumas informações interessantes acerca da escravidão, por exemplo, dos 587 escravos apenas 14 eram casados, mas destes casados, 8 eram homens e 6 eram mulheres, então será que dois destes escravos eram casados com mulheres livres? pois não era comum haver o enlace entre livres e cativos, no quadro também há uma diferença gritante entre o número de casados livres de uma sobra de 110 mulheres, portanto é preciso questionar tais estatísticas.
Podemos observar também no quadro todos escravos eram católicos, não por escolha, mas por imposição de seus senhores, o que não os impedia de praticarem secretamente suas verdadeiras crenças, no entanto, logo quando eram adquiridos por seus donos, havia o batismo e a mudança do nome africano para o nome aportuguesado-cristão. Outro dado é que a maioria era considerada brasileira, isto é, nascidos no Brasil, sendo apenas 24 estrangeiros, e no geral destes escravos, 4 sabiam ler e escrever.
Outro documento analisado foi um quadro presente na "Falla em que o Exm. sr. Herculano de Souza Bandeira abrio a 1° sessão da 26ª legislatura da assembleia provincial da Parahyba em 1 de Agosto de 1886" mostrando que havia em Cabaceiras apenas 377 escravos, mostrando que a escravidão foi se desgastando ao poucos.
Cabaceiras-PB
28 de novembro de 2017
REFERENCIAS:
MEDEIROS, Tarcízio Dinoá. MEDEIROS, Martinho Dinoá. Ramificações Genealógicas do Cariri Paraibano; Brasília: CEGRAF, 1989.
RIETVELD, Padre João Jorge. Antigo termo de Cabaceiras: Artigos históricos. Gráfica Cópias e Papéis, Campina Grande-PB, 2017
Imagem Pelourinho - Jean-Baptist Debret disponível em http://alunosonline.uol.com.br/historia-do-brasil/jean-batist-debret-no-brasil.html
Falla em que o Exm. sr. Herculano de Souza Bandeira abrio a 1° sessão da 26ª legislatura da assembleia provincial da Parahyba em 1 de Agosto de 1886 disponível em https://archive.org/stream/rpparaiba1886#page/n1/mode/2up/search/Cabaceiras
Relatório apresentado à Assembleia Legislativa da Parahyba do Norte 2 de agosto de 1851 disponível em https://archive.org/stream/rpparaiba1851c#page/n1/mode/2up/search/Cabaceiras
Recenseamento Geral do Império de 1872 disponível em https://archive.org/stream/recenseamento1872pb/ProvinciaDaParahyba#page/n76/mode/1up/search/Cabaceiras
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